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Coronavírus afeta variação nos preços do barril de petróleo no mundo

Oferta vem crescendo mais que demanda, diz pesquisador

12/03/2020

A turbulência dos preços do barril do petróleo esta semana é uma consequência de um cenário que vem se construindo desde meados do ano passado, embora não com a velocidade e a violência que se nota agora, a partir da pandemia do coronavírus. A análise foi feita à Agência Brasil pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP), Henrique Jager.

“Desde meados do ano passado, o preço do barril do petróleo vem se apresentando com alta volatilidade e uma tendência de queda, por conta de uma percepção do mercado de que a oferta estava crescendo em um ritmo maior do que a demanda”, disse o pesquisador.

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Segundo pesquisador, esse movimento pode ser atribuído ao incremento da pesquisa e exploração do petróleo ocorrido entre 2005/2008, levando o preço do barril do produto a atingir, em 2010, perto de US$ 140. A consequência foi o aumento na oferta.

No Brasil

O cenário pode ser aplicado também no Brasil, no caso da Petrobras, analisou o pesquisador do INEEP. “Se o preço ficar na casa dos US$ 30 por muitos meses, isso vai afetar muito fortemente a Petrobras”, afirmou. Indicou que a estratégia que a Petrobras vem adotando nos últimos dois a três anos de concentrar as atividades em exploração e produção (E&P), vai contra a posição de ser uma empresa verticalizada, atuando em vários setores da economia, como ocorria até então.

Como o petróleo é o principal produto da empresa, a queda do preço internacional tem impacto negativo sobre a companhia. “Como você está focando todo o seu esforço em E&P, acaba ficando mais fragilizada do que as demais companhias de petróleo”, disse Jager. Esclareceu que as grandes companhias internacionais têm um peso grande no petróleo, mas atuam também na petroquímica, no refino, em logística, na busca de energias alternativas, por exemplo. E a Petrobras está se desfazendo de todas as suas empresas nessas áreas, bem como na distribuição, explicou.

Jager disse que se o preço do barril do petróleo cai muito, o preço do produto na bomba de gasolina não cai, porque a empresa não repassa toda a queda. O mesmo ocorre em um cenário de alta do preço. Nesses casos, os setores de refino e petroquímica atuam como fatores anticíclicos, ou seja, quando o preço do barril do petróleo cai, os preços destes produtos caem menos, ajudando a preservar a margem de lucro da empresa, e vice-versa. Ao se desfazer de participação nesses setores, a Petrobras está aumentando sua fragilidade no quadro internacional de baixa de preço do barril do petróleo que está apontado no horizonte de curto e médio prazo.

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