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Coluna: As águas de março

O planeta não é mais o mesmo, e quando pensamos que tivemos janeiro e fevereiro de chuvas persistentes

03/03/2024

 

“São as águas de março fechando o verão. É a promessa de vida no teu coração…”

 

O refrão da letra criada pelo saudoso compositor e cantor Tom Jobim nos embala ano após ano. Mas os tempos são outros… O planeta não é mais o mesmo, e quando pensamos que tivemos janeiro e fevereiro de chuvas persistentes, existe uma certa apreensão com essa promessa de vida que nos espera.

 

Sim, porque hoje, quando falamos em “águas”, automaticamente pensamos nas mudanças climáticas, associadas ao El Niño. Fica difícil não lembrar das tragédias provocadas por tantas enchentes de uns tempos para cá. É impossível apagar da memória as vidas que se foram e os que, de uma hora para outra, perderam tudo com o furor das águas.

E como será que as águas desse março irão se comportar? Será que vem chuva miúda para irrigar as lavouras, ou enxurrada que encharca, causa deslizamentos e desolação?

O que já se sabe por aqui é que El Niño deve continuar em curso, mas com menos intensidade. Mas o “maçarico” vai continuar ligado, de acordo com os meteorologistas. São esperadas novas ondas de calor e tempo abafado, no Sul e no restante do país.

 

Mais especificamente na região Sul, é bom estarmos preparados, porque a sensação de abafamento deve persistir ao longo do mês. Haja hidratação e alternativas para se refrescar!

 

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é que março se apresente com chuva abaixo da média, nas regiões Sul. Serão chuvas irregulares, com maior intensidade no interior catarinense, no sul do Paraná e no Rio Grande do Sul. Pancadas pontuais devem ocorrer no Sudeste.

 

Todo esse calorão, sim, é em consequência do El Niño! “Ele” é o responsável pelo aquecimento maior ou igual a 0,5 graus centígrados das águas do Oceano Pacífico, fenômeno com duração média de 12 meses. Vale lembrar que o El Niño surge em intervalos entre dois e sete anos.

 

Mas quando falamos em águas, existe um outro componente que também está preocupando, e muito: a proliferação do mosquito Aedes Aegypti por todos os cantos do Brasil. Todo mundo já sabe que as chuvas intensas favorecem o acúmulo de água limpa parada, onde as larvas do inseto são depositadas e eclodem.

 

Já temos postos de saúde e hospitais lotados e milhares de pessoas infectadas que correm risco de morte e de sequelas difíceis de serem tratadas.

Nunca é demais lembrar de que os números da doença crescem a cada dia no país: 258 mortes confirmadas e 651 mortes em investigação. Nos dois primeiros meses de 2024, foram estimados mais de 1 milhão de casos de dengue!

 

A situação é alarmante, e se não houver uma conscientização geral para eliminar os criadouros do Aedes Aegypti, a tendência é que fique fora de controle.

No último sábado (2) uma ação conjunta entre o Ministério da Saúde, estados e municípios promoveu o “Dia D”, com agentes de saúde nas ruas orientando a população.

 

Com tanta informação sobre os cuidados e sintomas da doença, é de se esperar que possamos retomar patamares controláveis em relação à eliminação dos criadouros, uso de repelente e vacinação das crianças de 10 e 11 anos (por enquanto, o único público-alvo que tem o imunizante disponível nos postos de saúde).

 

Aqui mesmo, no norte catarinense, o panorama está bem preocupante. Quem sabe a partir de agora as pessoas terão mais autocuidado e atitudes responsáveis em prol do bem comum?

 

Porém, mesmo com todas essas demandas em andamento, nada nos impede de ouvir a canção “Águas de março” e usufruir da leveza que uma obra-prima de Jobim pode nos proporcionar…

 

 

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Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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